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Blogs do curso de Física de Materiais - UPE

Como a ciência me mostrou que somos eternos estudantes

Meios de transporte que desafiam limites antes considerados intransponíveis, máquinas que enxergam além do que nossos olhos podem ver, informações que cruzam os céus em instantes. Esses são apenas alguns exemplos das aplicações geradas pela investigação da natureza pela ciência. Mas como essa abordagem firma nosso lugar de eternos aprendizes?

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Foto tirada pela sonda Voyager 1 da Nasa depois da órbita de Netuno. Esse pequeno ponto de luz é a Terra (NASA).

Vamos analisar como nosso conhecimento do universo e suas leis estão sempre em transformação. Antes de tudo, sabemos que a Física é classificada como uma ciência exata e por vezes é comum atribuir um sentido equivocado de uma ciência fixa, absoluta e até imutável. O conceito de ciência exata se refere ao método de investigação da natureza, pautada em hipóteses e alto rigor de precisão e experimentação. Entretanto, é importante manter em mente que esse método rigoroso não é sinônimo de inflexibilidade na ciência. A dinâmica de evolução do conhecimento científico é flexível, não há conhecimento impassível de correção e complementação.

Um exemplo está na Mecânica Newtoniana e na Mecânica Relativística. Até o início do século XIX tratávamos todo nosso universo segundo as Leis de Newton. Porém, vimos com as ideias de Einstein que objetos próximos a velocidade da luz se comportam de uma maneira diferente da descrita por Newton e, assim, expandimos a mecânica. Vamos, então, entender um pouco sobre a evolução do nosso conhecimento?

Houve uma época em que tudo que conhecíamos era o que nossos olhos podiam ver e o que víamos eram nosso planeta e alguns pontos “estranhos” de luz no céu, esse era o nosso universo. Um tempo passou e começamos a entender os fenômenos e elementos inanimados e animados ao nosso redor, começamos a observar os padrões presentes, criamos hipóteses e registramos o que aprendemos. No meio da nossa investigação da natureza descobrimos que o mundo não é só feito do que podemos ver. Há um mundo pequeno, abitado por seres igualmente pequenos. Há um mundo maior, “acima” de nossa fina atmosfera, além do nosso Pálido Ponto Azul; outros planetas, outras estrelas com movimentos complexos e com sua própria história de formação, evolução e destruição.

Vimos também na história de nossa ciência o nascer de figuras que, com suas ideias, desafiaram tudo que era conhecido e auxiliaram a impulsionar os limites da ciência. Abaixo destaco alguns desses cientistas:
Temos o cientista italiano Galileu Galilei, defensor do heliocentrismo e pioneiro na utilização do telescópio para investigar os céus, ele levou a ciência a voltar seu olhar para cima e investigar os elementos fora da Terra.

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Galileo Galilei (Britannica).

Olhando sobre um outro ponto de vista da ciência temos Louis Pasteur, químico francês que ajudou a derrubar a teoria da geração espontânea (abiogênese), se destacou bastante no ramo da microbiologia e auxiliou na investigação de microrganismos e contribuiu para aproximar a saúde da ciência. Entretanto, na nossa história não foram raras as vezes em que nos colocamos numa posição de detentores de grande conhecimento e houve até momentos em que acreditamos termos nos aproximado do limite do cognoscível. Uma prova disso está em discursos de cientistas estimados na história sobre um suposto fim da ciência. No final do século XIX, o físico norte-americano Albert Abraham Michelson, famoso pelo experimento Michelson-Morley que buscava detectar a presença do éter, afirmou que as leis fundamentais da ciência física haviam sido descobertas e que “as descobertas futuras devem ser procuradas na sexta casa decimal”.

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Louis Pasteur (famousscientists.org).

Podemos citar também um cientista bastante conhecido e que teve seu nome atribuído a uma escala de temperatura; o inglês Lorde Kelvin falou no início do século XX que não havia nada de novo a ser descoberto na física, apenas encontrar medições mais precisas. É interessante observar que apenas algumas décadas depois vimos surgir dois novos ramos da física: a Mecânica Relativística, encabeçada por Albert Einstein, e a mecânica quântica; representada por nomes como Heisenberg, Bohr, Plank, Schrodinger e outros. O mundo das probabilidades e da relativização do absoluto adentrava nesse ramo da ciência, mostrando que mesmo as mentes mais consagradas na ciência também são aprendizes, velejando por águas ainda desconhecidas do conhecimento humano.

Seja em uma época ou outra da humanidade, eventualmente somos surpreendidos por novas ideias, novas invenções e novas descobertas. Enquanto estudante é isso que me cativa na ciência; saber que saímos do telescópio de Galileu e hoje conseguimos penetrar no espaço profundo, utilizando a luz para investigar nosso universo. Saímos de um planeta solitário para um pequeno ponto na imensidão cósmica. Saímos de povos desconectados para uma conexão quase instantânea com alguém distante no globo. Saímos do nível do mar e fomos a Lua, nosso querido satélite natural. Eu poderia destacar inúmeras outras conquistas que a ciência nos proporcionou. Entretanto, o que quero deixar é que, ao utilizar dessa linguagem internacional que é o método científico, estabelecemos uma proposta que é maior que qualquer indivíduo ou grupo de indivíduos, é sobre a humanidade. E aí, eu pergunto: você quer fazer parte das novas descobertas?



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Juliane Coutinho
Graduanda em Engenharia de Controle e Automação pela Universidade de Pernambuco. Em 2018, participou com a delegação internacional da conferência Youth Assembly realizada na cidade de Nova York, EUA. O encontro reuniu jovens de diversos países a fim de discutir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) agenda 2030 da ONU. Também foi monitora da disciplina Lógica Matemática. Atualmente desenvolve um projeto de próteses inteligentes pelo Robolab, um dos laboratórios de inovação do curso de Física de Materiais da UPE, e administra uma conta do Instagram de divulgação científica na área da Física e Astronomia, o @astrolabfismat.